domingo, 8 de março de 2009

Acabou a crise mundial: o Ronaldo fez gol!


Eu não vi o jogo inteiro. Alternava entre o Poker na sala da casa de meu primo (sim, o mesmo Poker viciante de dois posts abaixo) e o jogo do moribundo Santa Cruz. Às vezes, mudávamos para o clássico entre Corinthians e Palmeiras para ver se o dito cujo já havia entrado.

Mas, antes mesmo do Ronaldo aparecer em campo, no intervalo do primeiro para o segundo tempo, uma coisa já chamava à atenção: uma propaganda da Brahma mostrando sua imagem e uma voz declamando: “bem vindo, guerreiro”.

Mas o “guerreiro” nem havia entrado em campo ainda, ora essa. Entretanto, com aquela propaganda, poderíamos ter certeza de que ele iria entrar. Por que?

Porque não há Mano Menezes, forma física e ritmo de jogo que seja obstáculo para um forte patrocinador. Simples.

O Ronaldo foi puro marketing. E o pior (ou melhor): um marketing que balança as redes.

Após fazer o gol que empataria o clássico paulista (detalhe: o gol foi aos 47 minutos do segundo tempo e de cabeça, jogada que não é nem de longe a especialidade dele), o “guerreiro”, num clímax intenso, correu para o alambrado que cercava a torcida corinthiana, se pendurou nele e, com o infeliz auxílio de toda sua massa gordurosa e alguns companheiros, fez com que o alambrado cedesse um pouco. Tudo isso aos empolgados gritos do Luciano do Valle de “Deus existe!”.

Cá entre nós: eu juro que não consigo entender o porquê de um cidadão invocar Deus devido a um gol daquele. Se fosse um gol do Reinaldo e do Vinicius pelo Sport em 2005 ou do Marco Antonio em 2006, vai lá.

Mas do Ronaldo, po? O cara estava se recuperando de lesão mostrando a barriguinha de Seu Boneco em lanchas na Europa, se envolvendo com travecos e decidindo em que clube iria jogar, já que muitos o pretendiam. Depois andou treinando em separado no Corinthians e, há bem pouco tempo, depois das adoradas baladas, também andou chegando atrasado ao clube.

Podemos concluir que é um mito da superação, obviamente. Quem não gostaria de se superar dessa forma (excluindo a parte dos travestis)? Deus existe, Luciano. Olha a nêga que está com ele na imagem. Claro que existe.

Por fim, uma constatação desagradável: após o apito final, e a corrida ensandecida dos repórteres das mais diversas emissoras para cima do “guerreiro”, o Ronaldo criticou os empurrões destes, com razão, e disse que quando eles se acalmassem, daria entrevistas.

Mas quando o repórter Mauro Naves, da Rede Globo, chegou pouco depois e apontou o microfone para a estrela do jogo, o semblante sério se foi e o “guerreiro” abriu aquele sorriso de comercial de margarina, falando do momento incrível que foi aquela partida.

Sandálias da humildade para você, Ronaldo. E um diet shake também.

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P.S: Amanhã vai ser um fardo assistir aos noticiários. Principalmente da Rede Globo. Vai ser pior que os dias seguintes à posse do Obama.

P.S2: Com essa defesa que leva gol do Ronaldo, fora de forma, de cabeça, o Palmeiras num guenta meu Sport na Ilha dia 08/04 não, hein?